1 de setembro de 2007
Incêndios no Paraguai – Setembro/2007
O CENACID atendendo solicitação do Paraguai colaborou com o enfrentamento dos incêndios florestais que afetaram severamente o País. Entre as diversas atividades de apoio estão: 1. Envio de imagens sobre os incêndios com a discussão de sua interpretação (segue uma anexa); 2. Informações sobre impactos ambientais; 3. Informações sobre combate ao fogo; 4. Outras necessidades.
(Documento preparado pelo Prof. Luis Eduardo Mantovani – CENACID)
Algumas alternativas de enfrentamento de incêndios em campos e florestas:
O que fazer?
- Conscientizar cada vez mais a população para evitar qualquer tipo de atividade que possa dar início a incêndios e queimadas, tendo em vista que durante o período da tarde a umidade relativa do ar é mínima, excepcionalmente baixa nesta época do ano, o que facilita mais o princípio e a propagação de fogo. A baixa umidade também diminui a constante dielétrica do ar o que promove a conservação de cargas elétricas estáticas e assim a geração de diferenças de potencial que podem produzir faíscas. Logo maior cuidado com fios e aparelhos elétricos.
- Nas nossas condições sul-americanas praticamente todos os focos de incêndio são de origem antrópica, ao contrário de muitas lendas que andam por aí entre nossos mateiros, gente rural e mesmo entre bombeiros (exemplo estes até aqui em Curitiba). Raios, cacos de vidro e gotas de orvalho que funcionam como lentes, fogo fátuo dos pântanos, e outras formas de combustão natural etc fazem parte deste folclore que serve a não ter que procurar os culpados. Alguns deles podem até se produzir como é o caso a partir de raios, mas são muito raros nas nossas condições. Na Serra Nevada da Califórnia as condições são bem distintas e lá eles são freqüentes.
- Com as imagens de satélite praticamente todas as queimadas são localizadas em tempo real, e sua origem pode ser determinada com grande precisão com imagens posteriores. Sendo elas em grande parte intencionais os culpados ou negligentes podem ser também determinados.
- Deve ser feito um acompanhamento da evolução das queimadas a partir dos sites especializados que as determinam a exemplo do INPE http://paraguay.cptec.inpe.br/produto/queimadas/, isto ajuda a avaliar o grau de risco associado. Para tanto é necessário acompanhar a direção e velocidade dos ventos e seu padrão de evolução além de prognósticos. Quase em tempo real pode se ter os dados do SINOP http://www.master.iag.usp.br/ind.php?inic=00&pos=1&prod=synope do METAR http://paraguay.cptec.inpe.br/produto/queimadas/ aeronáutico. Para os prognósticos o INPE – CPTEC está realizando ótimos prognósticos para a América do Sul.
- Uma vez determinada a trajetória provável de uma queimada que se julgue possível seu combate (queimadas de pastos tem propagação rápida e normalmente poucos riscos, pelos menos antes atingirem áreas de vegetação mais densa como o matorral ou mesmo matas. O trabalho deve se concentrar na abertura de aceiros e não no combate direto às chamas. Os aceiros devem ser abertos com antecedência ao longo de locais estratégicos onde o fogo vai ter maior dificuldade para se propagar: após um arroio, um pântano , um reverso de encosta no sentido contrário ao do vento, um dique natural de rio que tenha a vegetação ainda verde e úmida, uma faixa de terreno mais arenosa com pouca vegetação com palha seca e normalmente árvores que permanecem verdes pois dispõe de muita água no freático, após uma carretera. Para tanto será ótimo se as equipes puderem contar com boas imagens recentes de satélite e cartas topográficas. Seria possível estender bem esta lista mas se os geógrafos físicos do país puderem participar diretamente das orientações seria ótimo.
- Quanto à forma de combate deve-se evitar trabalhar nas horas mais quentes da tarde, justamente quando o fogo está mais ativo pois o desgaste e os riscos são maiores, mas sim atuar nas primeiras horas do dia, no final da tarde e se possível a noite.
- Cada combatente deve estar equipado de roupa grossa de algodão, perneiras de couro ou plástico, lenço grande no pescoço para ser umedecido, chapéu de aba larga, cantil com água, facão, roçadeira, óculos escuros, pelo menos uma máscara de poeira, lanterna para trabalho noturno, sinalização e caso de se perder, apito, e ser apoiado por uma equipe dispondo de muita água, kit primeiros socorros, cloro para esterilizar água quando necessário, fogareiro para comida e ferver água para potabilidade, material para mate e quando possível celular.
- Alimentação relativamente leve (fácil digestão) com carne, mandioca, legumes, abóbora e cenoura são importantes, manteiga (margarina ou gordura vegetal não). Os carotenóides, a vitamina A e D são importantes para proteger a pele e vias respiratórias que vão estar expostas fumaça e ao calor. A re-hidratação da pele pode ser feita espalhando leite, ou melhor, ainda coalhada sobre a pele já limpa e uns 15 minutos antes de um banho. Frutas são aconselháveis.
- Neste tipo de trabalho é importante evitar que os trabalhadores atinjam a exaustão, nada de heroísmos. Deve sempre trabalhar em equipe ou pelo menos em duplas.
- Acompanhar a previsão meteorológica para os dias seguintes para melhor dosar os esforços que são sempre limitados.