27 de janeiro de 2003

Deslizamentos e Inundações em Morretes – Paraná – Brasil – 27/01/03


Considerando as intensas precipitações e a situação de emergência, ocorridas entre 02:30h e 04:00h da madrugada de 27/01/03 no litoral do Paraná, a equipe do CENACID am apoio Defesa Civil Estadual e à Prefeitura Municipal de Morretes realizou uma avaliação preliminar de danos no dia 28/01/03. Também participou da Reunião da Comissão Municipal de Defesa Civil aonde puderam ser discutidos os danos e orientações para a adequada informação ao nível nacional.

 

BR 277

Quadro de Avaliação de Dano Preliminar das áreas visitadas pela equipe CENACID  (Área visitada em 28/01/03)

Localidade município
Coordenadas  UTM
Tipo
Volume
Movimento principal
Material
Vegetação
Surgência (água)
Obs
BR 277 – Sentido Litoral (km 43)
7167864 / 712972
Movimento de massa gravitacional
~150 m3
Translacional
Solo
Mata Secundária
Não
BR 277 – Sentido Litoral
7252542 / 679628
Movimento de massa gravitacional
~ 80 – 100 m3
Rotacional
Solo
Rasteira
Não
BR 277 – Sentido Curitiba (km 44)
7167810 / 712097
Movimento de massa gravitacional
~1600 m3
Translacional
Solo
Mata Secundária
Sim
Presença de canaletas para escoamento de água próximo ao limite do escorregamento
Também foram observados diversos outros escorregamentos de menor porte ao longo da rodovia

 


MORRETES

Quadro de Avaliação de Dano Preliminar das áreas visitadas pela equipe CENACID  (Área visitada em 28/01/03)

 

Município / Bairro
Coordenadas UTM
Total Famílias afetadas
Rio
Impactos Ambientais
Impactos Econômicos
Água
Obs.
Morretes / ANHAIA
7252542 679628
9 famílias
Rio do Pinto
Mudança no curso do rio afetando casas +- 2km de estrada destruída
Casas inundadas – danos materiais
Estrago nas plantações de banana e palmito
3 casa destruídas
Postes de energia derrubados
Nível da água subiu aprox. 3m acima do normal Moradores observaram que ainda há presença de óleo na água
Morretes / ROCIO
7180216 717714
> 50
.   Casas inundadas – danos materiais
Ruas prejudicadas
Drenagem pluvial prejudicada
Possibilidade de contaminação por esgoto doméstico
. Próximo rua Pe.Valter 
Morretes / ROCIO
7100132 717766
> 20
  Invasão nas casas de baratas, cobras, piolhos, ratos e aranhas. Casas inundadas
Ruas prejudicadas
Drenagem pluvial prejudicada
Possibilidade de contaminação por esgoto doméstico
Nível da água subiu aprox. 1m acima do normal  
Morretes / JD. PALMEIRAS
7179827 717858
> 60
Rio do Pinto e Marumbi
  Ruas prejudicadas
Drenagem pluvial prejudicada
Casas inundadas – danos materiais
Possibilidade de contaminação por esgoto doméstico
Nível da água subiu aprox. 1m acima do normal Escola Dulce Seroa da Motta está servindo de abrigo.
Morretes / MARUMBI
Cachoeirinha
 
Camping
Rio Marumbi
A enxurrada do rio Marumbi destruiu árvores Prejuízos em plantações de banana, maracujá e mandioca.
A enxurrada do rio destruiu parte da sede e da estrada do camping
  Em diversos pontos o leito do rio mudou de posição
Morretes / MARUMBI
7179459
715949
1 família
 
  Represa – rompeu      

 


 

CENACID atende deslizamentos e Inundações em Morretes-PR

Considerando as intensas precipitações e a situação de emergência no litoral do Paraná, a equipe do CENACID am apoio Defesa Civil Estadual e à Prefeitura Municipal de Morretes realizou uma avaliação preliminar de danos no dia 28/01/03. Também participou da Reunião da Comissão Municipal de Defesa Civil aonde puderam ser discutidos os danos e orientações para a adequada informação ao nível nacional.

1 – Deslizamentos
A equipe avaliou os deslizamentos concluindo que estão basicamente restritos à área das rodovias, não alcançando generalizadamente a encosta da Serra do Mar.
A maioria dos movimentos teve caráter translacional, atingindo os níveis superficiais de solo e em alguns casos rocha alterada.
De acordo com as informações obtidas estes processos ocorreram entre 02:30h e 04:00h da madrugada de 27/01/03 e geraram a deposição de volumes consideráveis de material sobre meia pista de rolamento nos casos mais expressivos.
A avaliação é que ainda existe a possibilidade de novos movimentos de massa dependendo das condições pluviométricas subseqüentes.

2 – Inundações
Em razão das mesmas precipitações diversos rios da região receberam uma vazão extraordinária, várias vezes superior à situação normal. Em especial o Rio do Pinto e também o Rio Marumbi. Nas porções superiores com caráter de enxurrada variando para inundações de montante.

 

 – Rodovia
● Interrupção parcial da rodovia BR-277 em diversos trechos (já em recuperação)

– Área urbana de Morretes
● Perdas materiais expressivas para centenas de famílias.
● Perdas de gêneros alimentícios.
● Ruas pavimentadas e não pavimentadas prejudicadas
● Sistemas de drenagem pluvial danificados
● Abastecimento de água prejudicado
● Foram relatados casos de “invasões” por insetos e outros animais, que também buscavam escapar da inundação.
● Riscos relacionados à contaminação da água da inundação por esgotos e fossas inundados.

– Área rural de Morretes
● Importantes prejuízos ao setor agrícola, com perdas nas plantações de banana, palmito, maracujá, mandioca e outras
● Significativos prejuízos no sistema de estradas vicinais, havendo casos de destruição de trechos de aproximadamente 2 km. Os acessos a regiões como Mundo Novo, Cabrestante, América de Baixo e Fartura estão extremamente precários ou interrompidos.
● Interrupção do abastecimento de energia em porções da zona rural pela destruição de postes e linhas de transmissão.
● Destruição parcial ou total de moradias.
● Perda de bens materiais e gêneros dos moradores.

 


 

Emergência no Litoral do Paraná em 27-jan-2003

Por: Renato Eugenio de Lima
Após a missão do CENACID ao litoral do Paraná apresentamos as seguintes considerações sobre as causas do desastre ocorrido na região. As informações a seguir são resultado da análise das informações obtidas no dia 28 de janeiro e podem ser completadas a partir da consideração de outras informações.
De forma geral indicamos a adoção das medidas preconizadas no capítulo III.1 do livro “Meio ambiente e desenvolvimento no litoral do Paraná: SUBSÍDIOS À AÇÃO” publicado pelo NIMAD-UFPR em 2002, e que apresenta recomendações sobre riscos geológicos na região.

Causa Geral

Apesar de não existirem informações pluviométricas da área atingida, informações dos moradores relatam precipitação intensa na noite de 26/01/03, nas cabeceiras dos rios do Pinto e Marumbi, que se situam na região da rodovia BR-277.

Precipitação acumulada em toda a região considerada como elevada na semana anterior ao acidente;

 

Deslizamentos

Discussão sobre as causas
Após considerar os dados obtidos consideramos que os seguintes fatores contribuíram para a ocorrência dos deslizamentos na Serra do Mar em 27/01/03.

●  Modificações na geometria da encosta para implantação da rodovia;
●  Deficiências ou inadequação dos sistemas de drenagem de proteção dos cortes considerados.

Discussão sobre a deflagração
Consideramos como deflagradores dos escorregamentos:

●  A precipitação continuada na região na semana anterior aos eventos;
●  A precipitação intensa na noite de domingo (26/01/03) e madrugada de segunda-feira (27/01/03).

Discussão sobre os controles
Consideramos como fatores controladores da ocorrência e da magnitude dos movimentos:

●  A declividade do talude considerado;
●  As características geológicas no local;
●  A espessura de solo;
●  As medidas preventivas, especialmente relacionadas a drenagem pluvial, implantadas nos taludes da rodovia;
●  As proteções disponíveis em cada ponto;                                                                                                                                                                                                       ● A cobertura vegetal no local;

Inundações

Discussão sobre as causas
Apesar de não existirem informações pluviométricas da área atingida, informações dos moradores relatam precipitação intensa na noite de 26/01/03, nas cabeceiras dos rios do Pinto e Marumbi. A partir daí importantes quantidades de água alcançaram concomitantemente os canais principais, proporcionando o sucessivo transbordamento e rompimento de barramentos naturais e artificiais na drenagem. Por este processo a água subiu de nível rapidamente e avançou na forma de enxurrada (cabeças d’água) com forte capacidade destrutiva.
Em diversos pontos os rios escaparam do seu leito normal e delinearam novos leitos, que em alguns casos se estenderam por quase 1 km de extensão. Esta nova arquitetura da paisagem deve ser considerada para a execução das obras de recuperação.
Este tipo de processo pode ser considerado normal nas regiões de sopé da Serra do Mar, devendo ser considerada esta possibilidade na ocupação dos terrenos.

Controles:
●  Naturais:

◌  Concentração da precipitação
◌  Topografia
◌  Vegetação
◌  Declividade
◌  Vazão no pico da enchente

Antrópicos:

◌  Desvios do canal
◌  Barragens no canal e nos afluentes
◌  Pontes
◌  Estradas vicinais
◌  Vegetação modificada
◌  Presença de áreas agrícolas
◌  Presença de pastagens
◌  Ocupação das margens

 

Fotos

 

 

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