Considerando as intensas precipitações e a situação de emergência, ocorridas entre 02:30h e 04:00h da madrugada de 27/01/03 no litoral do Paraná, a equipe do CENACID am apoio Defesa Civil Estadual e à Prefeitura Municipal de Morretes realizou uma avaliação preliminar de danos no dia 28/01/03. Também participou da Reunião da Comissão Municipal de Defesa Civil aonde puderam ser discutidos os danos e orientações para a adequada informação ao nível nacional.
BR 277
Quadro de Avaliação de Dano Preliminar das áreas visitadas pela equipe CENACID (Área visitada em 28/01/03)
Quadro de Avaliação de Dano Preliminar das áreas visitadas pela equipe CENACID (Área visitada em 28/01/03)
Mudança no curso do rio afetando casas | +- 2km de estrada destruída Casas inundadas – danos materiais Estrago nas plantações de banana e palmito 3 casa destruídas Postes de energia derrubados |
Nível da água subiu aprox. 3m acima do normal | Moradores observaram que ainda há presença de óleo na água | ||||
. | Casas inundadas – danos materiais Ruas prejudicadas Drenagem pluvial prejudicada Possibilidade de contaminação por esgoto doméstico |
. | Próximo rua Pe.Valter | ||||
Invasão nas casas de baratas, cobras, piolhos, ratos e aranhas. | Casas inundadas Ruas prejudicadas Drenagem pluvial prejudicada Possibilidade de contaminação por esgoto doméstico |
Nível da água subiu aprox. 1m acima do normal | |||||
Ruas prejudicadas Drenagem pluvial prejudicada Casas inundadas – danos materiais Possibilidade de contaminação por esgoto doméstico |
Nível da água subiu aprox. 1m acima do normal | Escola Dulce Seroa da Motta está servindo de abrigo. | |||||
A enxurrada do rio Marumbi destruiu árvores | Prejuízos em plantações de banana, maracujá e mandioca. A enxurrada do rio destruiu parte da sede e da estrada do camping |
Em diversos pontos o leito do rio mudou de posição | |||||
Represa – rompeu |
CENACID atende deslizamentos e Inundações em Morretes-PR
Considerando as intensas precipitações e a situação de emergência no litoral do Paraná, a equipe do CENACID am apoio Defesa Civil Estadual e à Prefeitura Municipal de Morretes realizou uma avaliação preliminar de danos no dia 28/01/03. Também participou da Reunião da Comissão Municipal de Defesa Civil aonde puderam ser discutidos os danos e orientações para a adequada informação ao nível nacional.
1 – Deslizamentos
A equipe avaliou os deslizamentos concluindo que estão basicamente restritos à área das rodovias, não alcançando generalizadamente a encosta da Serra do Mar.
A maioria dos movimentos teve caráter translacional, atingindo os níveis superficiais de solo e em alguns casos rocha alterada.
De acordo com as informações obtidas estes processos ocorreram entre 02:30h e 04:00h da madrugada de 27/01/03 e geraram a deposição de volumes consideráveis de material sobre meia pista de rolamento nos casos mais expressivos.
A avaliação é que ainda existe a possibilidade de novos movimentos de massa dependendo das condições pluviométricas subseqüentes.
2 – Inundações
Em razão das mesmas precipitações diversos rios da região receberam uma vazão extraordinária, várias vezes superior à situação normal. Em especial o Rio do Pinto e também o Rio Marumbi. Nas porções superiores com caráter de enxurrada variando para inundações de montante.
– Rodovia
● Interrupção parcial da rodovia BR-277 em diversos trechos (já em recuperação)
– Área urbana de Morretes
● Perdas materiais expressivas para centenas de famílias.
● Perdas de gêneros alimentícios.
● Ruas pavimentadas e não pavimentadas prejudicadas
● Sistemas de drenagem pluvial danificados
● Abastecimento de água prejudicado
● Foram relatados casos de “invasões” por insetos e outros animais, que também buscavam escapar da inundação.
● Riscos relacionados à contaminação da água da inundação por esgotos e fossas inundados.
– Área rural de Morretes
● Importantes prejuízos ao setor agrícola, com perdas nas plantações de banana, palmito, maracujá, mandioca e outras
● Significativos prejuízos no sistema de estradas vicinais, havendo casos de destruição de trechos de aproximadamente 2 km. Os acessos a regiões como Mundo Novo, Cabrestante, América de Baixo e Fartura estão extremamente precários ou interrompidos.
● Interrupção do abastecimento de energia em porções da zona rural pela destruição de postes e linhas de transmissão.
● Destruição parcial ou total de moradias.
● Perda de bens materiais e gêneros dos moradores.
Por: Renato Eugenio de Lima
Após a missão do CENACID ao litoral do Paraná apresentamos as seguintes considerações sobre as causas do desastre ocorrido na região. As informações a seguir são resultado da análise das informações obtidas no dia 28 de janeiro e podem ser completadas a partir da consideração de outras informações.
De forma geral indicamos a adoção das medidas preconizadas no capítulo III.1 do livro “Meio ambiente e desenvolvimento no litoral do Paraná: SUBSÍDIOS À AÇÃO” publicado pelo NIMAD-UFPR em 2002, e que apresenta recomendações sobre riscos geológicos na região.
Apesar de não existirem informações pluviométricas da área atingida, informações dos moradores relatam precipitação intensa na noite de 26/01/03, nas cabeceiras dos rios do Pinto e Marumbi, que se situam na região da rodovia BR-277.
Precipitação acumulada em toda a região considerada como elevada na semana anterior ao acidente;
Discussão sobre as causas
Após considerar os dados obtidos consideramos que os seguintes fatores contribuíram para a ocorrência dos deslizamentos na Serra do Mar em 27/01/03.
● Modificações na geometria da encosta para implantação da rodovia;
● Deficiências ou inadequação dos sistemas de drenagem de proteção dos cortes considerados.
Discussão sobre a deflagração
Consideramos como deflagradores dos escorregamentos:
● A precipitação continuada na região na semana anterior aos eventos;
● A precipitação intensa na noite de domingo (26/01/03) e madrugada de segunda-feira (27/01/03).
Discussão sobre os controles
Consideramos como fatores controladores da ocorrência e da magnitude dos movimentos:
● A declividade do talude considerado;
● As características geológicas no local;
● A espessura de solo;
● As medidas preventivas, especialmente relacionadas a drenagem pluvial, implantadas nos taludes da rodovia;
● As proteções disponíveis em cada ponto; ● A cobertura vegetal no local;
Discussão sobre as causas
Apesar de não existirem informações pluviométricas da área atingida, informações dos moradores relatam precipitação intensa na noite de 26/01/03, nas cabeceiras dos rios do Pinto e Marumbi. A partir daí importantes quantidades de água alcançaram concomitantemente os canais principais, proporcionando o sucessivo transbordamento e rompimento de barramentos naturais e artificiais na drenagem. Por este processo a água subiu de nível rapidamente e avançou na forma de enxurrada (cabeças d’água) com forte capacidade destrutiva.
Em diversos pontos os rios escaparam do seu leito normal e delinearam novos leitos, que em alguns casos se estenderam por quase 1 km de extensão. Esta nova arquitetura da paisagem deve ser considerada para a execução das obras de recuperação.
Este tipo de processo pode ser considerado normal nas regiões de sopé da Serra do Mar, devendo ser considerada esta possibilidade na ocupação dos terrenos.
Controles:
● Naturais:
◌ Concentração da precipitação
◌ Topografia
◌ Vegetação
◌ Declividade
◌ Vazão no pico da enchente
● Antrópicos:
◌ Desvios do canal
◌ Barragens no canal e nos afluentes
◌ Pontes
◌ Estradas vicinais
◌ Vegetação modificada
◌ Presença de áreas agrícolas
◌ Presença de pastagens
◌ Ocupação das margens